O caso de Adnailda Souza Santos, de 42 anos, gerou revolta e questionamentos sobre o atendimento prestado pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Pau Miúdo, em Salvador. A pastora, que era asmática e apresentava dificuldades para respirar, morreu após supostamente passar horas aguardando assistência médica, mesmo tendo implorado por oxigênio.
Um vídeo gravado pelo marido da vítima, Sidnei Monteiro, mostra a pastora Dina – como era conhecida – em sofrimento, clamando por socorro. “Eu preciso de oxigênio. (…) Doutor, libera oxigênio aqui”, suplicou, gemendo de dor. Nas imagens, é possível ver que Sidnei tentou acionar uma assistente social e o médico plantonista, enquanto policiais militares também estavam no local.
De acordo com os familiares, Dina buscou atendimento na UPA por volta das 12h da terça-feira (11), apresentando falta de ar. Ela foi medicada e liberada por volta das 16h, com uma prescrição para compra de medicamentos. No entanto, ao sair da unidade, voltou a passar mal e retornou ao local às 17h, onde teria esperado três horas sem receber oxigênio.
Segundo relatos da família, a pastora caiu desacordada por volta das 20h e somente então recebeu atendimento. O óbito foi comunicado às 20h30. O marido afirma que Dina recebeu uma pulseira amarela, indicando urgência, mas que ainda poderia aguardar. Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) sustenta que a pulseira entregue foi a laranja, que demanda atendimento mais rápido.
A SMS nega a versão dos familiares e afirma que o tempo total entre a chegada da paciente e a constatação da morte foi de 1h08. Para reforçar essa cronologia, a pasta apresentou imagens das câmeras de segurança da unidade.
Em nota oficial, a secretaria alegou que Dina foi encaminhada imediatamente para atendimento prioritário e que, ao apresentar piora do quadro, foi transferida para a sala de assistência a pacientes críticos, onde foram adotadas medidas de suporte à vida. No entanto, apesar das tentativas médicas, a paciente não resistiu.
Diante da repercussão do caso, a SMS anunciou a abertura de um processo administrativo para investigar a situação e verificar se houve falhas no atendimento.
A família de Dina contesta as declarações da Secretaria de Saúde e critica a falta de assistência adequada. O marido da pastora se recusou a assinar um documento da unidade, alegando que as informações registradas sobre o atendimento não condizem com a realidade.
“Está tudo errado no papel [sobre] o atendimento que ela teve. O atendimento que ela teve está no vídeo”, desabafou Sidnei.
A Polícia Civil registrou o caso como “morte a esclarecer sem indício de crime” na 2ª Delegacia Territorial da Liberdade. Exames periciais foram solicitados para determinar a causa da morte, e depoimentos serão colhidos para esclarecer os fatos.
Adnailda Souza Santos deixa duas filhas, uma jovem de 22 anos e uma criança de 7. Ainda não há informações sobre o velório da pastora.
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