A cidade de Parnaíba, no Piauí, vive momentos de profunda comoção após um novo episódio de envenenamento envolvendo a mesma família que, há menos de cinco meses, perdeu duas crianças após ingerirem cajus envenenados. Desta vez, nove integrantes da família foram internados por suspeita de envenenamento ao consumir alimentos doados. Dois óbitos foram confirmados, incluindo um bebê de 1 ano e 8 meses e um adolescente de 18 anos.
O jovem Manoel Leandro Silva, de 18 anos, faleceu na segunda-feira (1º), logo após o almoço em família. O corpo foi liberado para velório nesta quinta-feira (2). Além dele, um bebê que também consumiu a refeição não resistiu. Os sintomas apresentados pelas vítimas — frequência cardíaca baixa, sudorese e temperatura elevada — levantaram suspeitas de intoxicação por pesticidas, conforme apontado pelo médico Carlos Teixeira e corroborado por análises iniciais do Departamento de Polícia Científica do Piauí.
De acordo com a polícia, os alimentos consumidos pela família foram doados na véspera de Ano Novo por um casal conhecido por ações filantrópicas na região. Entre os itens doados estavam arroz e peixes manjuba, que teriam sido fornecidos por uma associação de pescadores local. O delegado Abimael Silva esclareceu que outras famílias também receberam doações semelhantes, mas apenas essa apresentou os sintomas de envenenamento.
O delegado informou ainda que o casal responsável pela doação já prestou depoimento. “Eles realizam essa ação todos os anos, distribuindo cestas básicas e peixes no bairro. A investigação segue para determinar a origem do envenenamento”, afirmou. O laudo toxicológico deve ficar pronto em 10 dias e será crucial para esclarecer os fatos.
Maria de Fátima Silva, irmã de Manoel, contou que não consumiu a refeição porque não estava na casa no momento, mas relatou o sofrimento dos familiares que ingeriram o alimento. Entre os hospitalizados está sua mãe, Francisca Maria, que já havia perdido dois filhos vítimas de envenenamento em 2023. Na ocasião, uma mulher foi presa por envenenar cajus que as crianças haviam colhido.
“Minha mãe está destruída. Perder outro filho em tão pouco tempo é uma dor inimaginável. Ela só queria reunir a família para o Ano Novo, mas agora estamos no hospital lutando pelas vidas das crianças que ainda estão internadas”, desabafou Maria de Fátima.
Dos nove internados, dois já receberam alta, mas cinco permanecem hospitalizados, incluindo três crianças em estado grave. Os sobreviventes estão sendo acompanhados no Hospital Estadual de Parnaíba.
A tragédia expõe uma grave questão de segurança alimentar e desperta atenção para possíveis falhas no controle e origem dos alimentos distribuídos em ações filantrópicas. A cidade aguarda ansiosa pelos resultados das investigações, enquanto a família enlutada tenta lidar com mais uma perda irreparável.
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