PF deflagra operação contra lavagem de dinheiro de garimpo ilegal no Pará e Mato Grosso

A Polícia Federal (PF) desencadeou na manhã desta terça-feira (10/9) a Operação Aqua Fortis, com o objetivo de desarticular um esquema bilionário de lavagem de dinheiro envolvendo a extração e a venda ilegal de ouro proveniente de garimpos no Pará e Mato Grosso. O grupo criminoso vinha sendo monitorado desde 2020, e, segundo as investigações, movimentou cerca de R$ 3 bilhões no período.

A operação incluiu o cumprimento de dez mandados de busca e apreensão, sendo um na capital paulista e nove em São José do Rio Preto (SP). As investigações apontam que o ouro extraído de forma ilegal nos estados do Pará, inclusive nas cidades de Cumaru do Norte e Redenção, e de Mato Grosso, era transportado para o interior de São Paulo, onde era revendido, utilizando-se tanto transporte terrestre quanto aviões particulares.

A Polícia Federal informou que o esquema envolvia o uso de empresas de fachada e “laranjas” para disfarçar a origem ilícita dos recursos movimentados pelos criminosos. Além disso, a Justiça Federal ordenou o bloqueio de bens dos investigados no valor de R$ 1,3 bilhão, incluindo imóveis, veículos e ativos financeiros.

Durante as ações de busca e apreensão, os agentes encontraram armas, munições, ouro, dinheiro e 19 animais empalhados na residência de um dos investigados, entre eles um leão, um hipopótamo e uma girafa. Doze desses animais estavam sem documentação e foram apreendidos pelo Ibama. De acordo com o delegado Valexandre Manoel Gonçalves, o investigado tinha o hábito de caçar na África e trazer os animais para o Brasil, onde eram empalhados. O Ibama agora trabalha para verificar se os animais entraram no país de forma legal.

Os investigados poderão ser indiciados pelos crimes de extração e comercialização ilegal de ouro, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O material apreendido será analisado pela PF na sede de São José do Rio Preto, dando prosseguimento às investigações.

A Operação Aqua Fortis demonstra a crescente fiscalização sobre as atividades ilegais ligadas ao garimpo na região amazônica e os impactos financeiros e ambientais dessas práticas criminosas.