
Meus amigos, ainda é difícil escrever em prosa baseando-me em reflexões e argumentos sobre o modo como nossas vidas foram e serão afetadas, nos próximos meses, em função da disseminação pandêmica do novo Coronavírus, no Brasil e no mundo. É fato que estamos enfrentando um grave problema de saúde pública com reflexos na economia, nas relações sociais, culturais e políticas. Neste momento, em que medidas como o fechamento de fronteiras e o isolamento social são impostos como formas de prevenção e de frear o vírus, cada um reage à sua maneira, movido por sua percepção. Recorri à poesia, à minha subjetividade, para expressar sobre esse impacto e a estranheza dos “novos tempos”. Vale reforçar que a informação e a prevenção são os melhores remédios.
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Lá fora
De repente,
nas ruas vazias,
ouviu-se um grito
Vinha correndo,
o suor escorria-lhe pela testa,
ofegante,
anestesiado pelos acontecimentos,
com os ouvidos e os olhos cheios de notícias,
com medo, os sentidos paralisados,
Buscava em volta, conforto,
mas, achou-se só
confuso, aflito, incerto,
conferiu seu nariz,
desejou-o seco e ventilado,
puxou o ar todo pra si
só
e o devolveu
só
E percebeu:
na solidão, todos estavam juntos
Preferiu estar em casa,
junto de todos,
Aquele grito era o silêncio,
lá fora!
Simone Oliveira Vieira Peres
Professora da rede municipal de ensino, licenciada em Letras (UNEMAT), mestra em Estudos de Cultura Contemporânea (UFMT) e pós-graduanda em Docência para o Ensino Técnico e Profissionalizante (IFPA).



